terça-feira, 26 de agosto de 2014

Amar faz bem à saúde?

Amar faz bem à saúde?
Milene Vosgerau
     Professora, Farmacêutica e Terapeuta Comunitária

Qualquer amor é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.
Guimarães Rosa


Se fosse possível definir o amor em sua magnitude e beleza, quem sabe a sentença de Gandhi seja uma das que mais reflete seu significado verdadeiro: ‘O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente, que há no mundo’. No mesmo sentido, pensando em sua ausência, Madre Teresa declarou que ‘a falta de amor é a maior de todas as pobrezas’.
O amor pode ser definido como a valorização de relacionamentos íntimos com outros, especialmente aqueles nos quais há solidariedade e cuidados mútuos. Apesar da dificuldade compreensível de buscar conceitos que abranjam a complexidade do que é o amor e ser amado, todas as pessoas, independente de qualquer fator – seja cultura, filosofia, religião ou condição – tem a capacidade de experienciá-lo em sua trajetória de vida.
O amor, em todas as suas manifestações, seja por crianças, por pais, por amigos, por parceiros, dá profundidade aos relacionamentos humanos. Quando vivenciado com intensidade, faz com que as pessoas ampliem sua percepção de si, do outro e do mundo.
Historicamente a compreensão do fenômeno do amor tem sido dedicado à poetas, artistas, filósofos, lideres religiosos e espiritualistas. No meio científico, o estudo do amor tem sido negligenciado, e são escassas as investigações sobre o tema, seja na sua dimensão neurobiológica, psicológica, social ou na área da saúde. No Brasil, inexistem trabalhos neste âmbito. A maioria das informações disponíveis sobre essa importante emoção está sustentada no conhecimento empírico.
No que concerne aos poucos estudos publicados, o amor tem uma forte relação com o sentimento de vínculo, apoio, suporte e integração social. Num texto clássico na área da psicologia, Cobb (1976) destaca que o suporte social está vinculado à crença que os indivíduos tem de acreditar que é amado e que as pessoas se preocupam com ele. Isto demonstra a existência ou disponibilidade de pessoas em quem se pode confiar, sujeitos que nos valorizam e gostam de nós.
Estudos sobre a interrelação entre amor, apoio social e saúde são especialmente relevantes em grupos etários específicos, como no caso da velhice, já que o isolamento social e a ausência de parentes, especificamente parentes mais próximos tais como cônjuge ou filhos, estão associados com doença e mortalidade entre pessoas idosas.
A idéia de que as relações sociais familiares e entre amigos podem promover melhores condições de saúde física e mental tem sido comprovada cientificamente. O amor compartilhado contribui significativamente para um senso de controle pessoal, e isso tem uma influência positiva no bem-estar psicológico.
De acordo com Stefano e Esch (2005), o amor tem consequências para a saúde e bem-estar. Entre as investigações publicadas, verificou-se que ter cônjuge tem sido associado à redução de angina pectoris em homens e úlcera duodenal. O amor dos pais tem sido associada a menor morbidade por doenças crônicas e a menores taxas de mortalidade por câncer. Aspectos do amor também tem sido relacionadas à redução de estresse, maior autoestima, menor tendência ao comportamento suicida e melhor autopercepção de saúde.
A saúde e o amor estão entrelaçados de maneira surpreendente. Afinal, os humanos foram feitos para conectarem-se uns aos outros!!!





2 comentários:

Deixe aqui suas opiniões e sugestões