Letícia Kurzydlovski, Contadora de Histórias e Graduanda Farmácia.
Sorrir, rir, sentir-se em paz, gargalhar, chorar de
alegria, cantar e até expulsar a dor e sentimentos ruins são ações que, sem
dúvidas, melhoram o humor e trazem bem-estar a uma pessoa. Agir com amor ao
próximo, doar-lhe seu tempo e sua atenção são atitudes que não custam dinheiro
e que provocam todas as ações citadas acima. Simplificadamente, podemos definir
assim a atividade a ser cumprida por um contador de histórias.
A princípio qualquer pessoa que goste de contato humano
pode ser um contador de histórias. Há todo um treinamento especial para que
habilidades de socialização, expressão, integração e improvisação sejam
desenvolvidas trazendo a magia das histórias para a realidade.
Assim, como acontece no Instituto História Viva
(IHV) e em outras ONG’s o treinamento é realizado em forma de curso, onde são
realizadas palestras, dinâmicas, jogos de improviso que trabalham a interação
entre futuros contadores. Além de instruções importantes sobre o comportamento
emocional e a expressão corporal propriamente dita. É necessário aprender
controlar as reações emotivas, como o choro, ao ouvir histórias tristes e fortes
de respectivos idosos, saber lidar com situações delicadas de pacientes internados
e respeitar os pedidos de quem não deseja ouvir histórias.
Uma das dinâmicas aplicadas durante o curso se revela muito simples e importante, a qual ocorre essencialmente ao caminhar na sala e olhar nos olhos uns dos outros. No primeiro momento, percebe-se até mesmo dificuldade em executá-la, pois não é de costume olhar no olho do próximo, e justifica-se então a importância dessa tarefa quando, através do olhar, transmitimos mensagens de gentileza e afeto combinadas a um sorriso, que podem transformar o dia de uma pessoa.
Depois do período de treinamento, tudo o que foi
aprendido deve ser aplicado na prática. O público alvo vai de crianças em casas
lares ou inseridas em projetos sociais que tem em suma alguma fragilidade
devido às condições, pessoas de todas as idades que estão internadas em
hospitais, devido a alguma enfermidade e que também se encontram em estágio de
fragilidade e, ainda, idosos que moram em casas de repouso.
O objetivo é trazer melhora ao humor e consequentemente
melhora no processo de cura do paciente, ou ainda, dar-lhe a atenção de que
precisa através de contos e histórias, que quando não trazem mensagem de
esperança e superação, dão aos pacientes uma dose de humor os fazendo rir e
deixando de lado a situação delicada na qual estão inseridos.

Passamos por experiências onde as próprias enfermeiras
nos agradeceram por nosso trabalho. Em uma das visitas, por exemplo, no
hospital entramos em um quarto onde havia um menino choroso, triste e abatido
já visivelmente cansado com a situação na qual estava. Ele foi resistente em
querer ouvir histórias, então apenas conversávamos e ele se escondia embaixo
das cobertas. Após muitas tentativas conseguimos aos poucos fazer algumas
brincadeiras, pegando um boneco do homem-aranha que ele estava segurando.
Poucos minutos depois o garoto estava rindo e conversando, as enfermeiras nos
disseram o quanto era difícil fazê-lo parar de chorar e ficaram admiradas com o
que fizemos.

Assim, ser um contador de história não cura uma pessoa de
doenças, mas cura do mau humor, da falta de esperança, do tédio e do desânimo.
Isso vale pra ambas as partes envolvidas, é uma terapia recíproca onde o doador
do amor recebe muito amor de volta. Fazer pessoas sorrirem em meio à dor,
fragilidade e cansaço nos faz sempre pensar em como gestos tão simples podem
fazer tanta diferença. Isso nos motiva e nos impulsiona a levar a ideia adiante
e fazer cada vez mais pessoas sorrirem.
A seguir um vídeo de apresentação do Instituto História Viva:
Fotos: Formatura 24ª turma de contadores de histórias do Instituto História Viva.¹ Equipe de contadores do Hospital Menino Deus da qual participo - com Carmem Luiza, Bruna Stival, Gilmar Silva, Dalinni Oliveira.²
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