segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Você conhece o SUS?



Fabiana Sá – Historiadora e graduanda Farmácia/UFPR

Há alguns anos, quando ouvia a palavra SUS, a primeira coisa que vinha a minha mente era “postinho de saúde”. Associado a isso, pensava em vacinas e, muitas vezes, em longas filas em hospitais ou pessoas esperando às seis horas da manhã para um atendimento.
 

No entanto, aos poucos fui me informando mais e descobrindo que o SUS é muito mais do que isto. Compreende não apenas a assistência médico-hospitalar, mas todo um conjunto de órgãos e profissionais que buscam garantir a qualidade de vida da população, incluindo desde a assistência médica e promoção de saúde, até a proteção ambiental, passando pelo desenvolvimento científico e tecnológico.[i] Programas como a prevenção da mortalidade materno-infantil; distribuição de medicamentos e tratamento para o HIV; campanhas de vacinação; pesquisa e desenvolvimento de medicamentos e vacinas, entre outros, fazem parte do SUS, que é reconhecido como o maior sistema público do mundo. [ii]
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado a partir das discussões durante os movimentos pela redemocratização do Brasil. Com a promulgação da constituição de 1988, a ideia de saúde como um direito de todo cidadão e dever do estado passou a ser lei.[iii] Até então, só trabalhadores com carteira assinada e seus dependentes tinham direito a assistência à saúde, por meio do INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), o que excluía uma parcela da população, que dependia de hospitais filantrópicos e universitários ou buscavam o atendimento particular.[iv] 
De maneira simplificada, podemos dizer que o SUS é organizado nas 3 esferas de governo (federal, estadual e municipal), e a assistência a saúde é dada pelas ações de promoção, proteção, recuperação da saúde, com ações integradas para a prevenção e assistência.[v]
          
        

A ideia do acesso universal a saúde não é invenção brasileira. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, muitos países desenvolvidos, como Grã Bretanha, Alemanha e Canadá, passaram a discutir e a oferecer assistência à saúde a seus cidadãos, seja acesso garantido pelo governo, financiado pelos impostos, seja por meio de financiamento governamental associado ao pagamento valores acessíveis. Atualmente a questão do acesso à saúde voltou a ser discutido com mais ênfase, como uma iniciativa global para que todos os países ofereçam a seus cidadãos alguma forma de acesso à saúde. Na atualidade, 1 bilhão de pessoas ainda não tem acesso a saúde e cerca de 150 milhões enfrentam custos anuais extremamente elevados a serviços de saúde.[vi]    No Brasil, cerca 73 % da população depende exclusivamente do SUS para ter acesso aos serviços de saúde e cerca de 31% paga para ter acesso além do que é ofertado pelo SUS.[vii]
Na reportagem da TV Brasil você pode acompanhar um apanhado geral de como o SUS é organizado e as dificuldades que ainda existem para que o acesso à saúde seja efetivamente universal, igualitário e de qualidade.

                                       https://www.youtube.com/watch?v=CX9O7gdh3qc
 
Para saber mais, acesse:
Para saber mais:
  • O SUS que não se vê. Revista Radis, n.104, abril de 2011. Disponível em:


[i] BRASIL. CASA CÍVIL. SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS. LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Artigo 6. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>
[ii] BLISS, K.E. Health in all Policies. Brazil’s approach  to global health whithin foreign policy and development  cooperation initiatives. In: BLISS, K.E. (ed.) Key Players in Global Health. How Brazil, Russia, India, China, and South Africa Are Influencing the Game. A report of CSIS global Health policy Center. Center for strategic & international studies.2010, p. 2. Disponível em:
< http://csis.org/files/publication/101110_Bliss_KeyPlayers_WEB.pdf>
[iii] BRASIL. Constituição Federal de 1988. Artigo 196. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>
[iv] Oliveira, D.C.; Sá, C.P.; Santo, C.C.E.; Gonçalves, T.C.; Gomes, A.M.T. Memórias e representações sociais dos usuários do SUS acerca dos sistemas públicos de saúde. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2011 jan/mar,2013(1):30-41. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.5216/ree.v13i1.8981>
[v] BRASIL. CASA CÍVIL. SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS. LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Artigo 5. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>
[vi] YANZHONG HUANG. World momentum builds for Universal Health coverage. In: AHOOBIM, O.; ALTMAN, D.; GARRETT, L.; HAUSMAN, V.; YANZHONG HUANG. The New Global Health Agenda. The Universal Health Coverage.  Nova York, NY, Estados Unidos: Concil on Foreign  relations, abril 2012, p. 1-3.  Disponível em: <http://i.cfr.org/content/publications/attachments/Universal_Health_Coverage_report.pdf>
[vii] AHOOBIM, O.; ALTMAN, D.; HAUSMAN, V. The New Global Health Agenda. In: AHOOBIM, O.; ALTMAN, D.; GARRETT, L.; HAUSMAN, V.; YANZHONG HUANG. Op. Cit, p. 10
BLISS, K.E, no trabalho já citado, p. 6, indica que 80% da população brasileira depende exclusivamente do SUS, e 20% utilizariam o SUS em associação ao sistema privado.

Referencias das imagens:
Charge: http://2.bp.blogspot.com/bykytXgLnu4/UeWlKLmBNbI/AAAAAAAAC9A/hLalHVlg0YU/s1600/10693ddb2bcd0cfbfd701eadf6773157.jpg


Um comentário:

  1. Muito interessante esse assunto do SUS, pois muitos não sabem a funcionalidade do sistema.

    ResponderExcluir

Deixe aqui suas opiniões e sugestões